Friday, October 3, 2008

Mulémbwè censurado?

Pela primeira vez em 14 anos como presidente da Assembleia da República (AR), Eduardo Mulémbwè não usou, ontem, da palavra no início da IX sessão ordinária da AR. Manuel Tomé, chefe da bancada da Frelimo, e Maria Moreno, chefe da bancada da Renamo, são os que usaram da palavra.

Terá sido Mulémbwè censurado, tendo em conta o incendiário discurso que proferiu na abertura da anterior sessão ordinária, quando dava a sua opinião em torno das manifestações de ‘5 de Fevereiro’ em Maputo, que depois de estenderam a outros pontos do país.

Nessa ocaisão – ‘5 de Fevereiro’ - Mulémbwe disse que “os prováveis motivos das manifestações violentas ocorridos recentemente no Sul e Centro do país têm como prováveis causas o elevado custo de vida, o burocratismo e a corrupção”.

Apontou ainda como outras possíveis razões dos tumultos a excessiva aglomeração de pessoas nos centros urbanos sem perspectivas de emprego, e o pronunciado desajustamento do crescimento entre as necessidades que, segundo ele, aumentam em progressão geométrica enquanto que a efectiva capacidade de satisfação das mesmas ocorre em progresso aritmética.

Na altura, constou-me que muitos camaradas teriam ficado desconfortáveis com o discurso de Mulémbwè, que, em rigor, documentava o que aconteceu de facto, sem subterfúgio.

Então, faz sentido perguntar: terá sido Mulémbwè censurado [pelo seus chefes no partido Frelimo]? O silêncio, como certa vez disse alguém, tem preço. Se ele fosse como muitos dos ‘quadros’ da Frelimo, teria, ontem, proferido um discurso com o qual nem se identifica, para agradar o ‘velho’…

2 comments:

MOZVOZ said...

Salema,
Basta olhar para trás, para perceber que ao longo dos tempos, a casa representativa de todos nós, foi movida por diversas tempestades que foram levando forçosamente, os menos fieis ao sistema, vistos pelos menos apreciadores do sistema como mais cultos, ao despertar das suas mentes - mau para o funcionamento do sistema e consequentemente, vitimas da força anti-democrática do sistema.

Olha que para representar o povo, basta uma mera quarta classe, o que faz com que a força da disciplina partidária, a ideologia partidária, vão fazendo dos representantes do povo, uns natos seguidores de uma ceita que vê na representação do povo, um meio de realização da vontade de uma classe ditatorial e de seguida da sua auto realização em detrimento da verdade, extinguindo a real importância do efeito útil do voto que os confiou a vontade do povo.

Ainda sonho: "Masquil Partiu a loiça" - onde anda Masquil
Ainda sonho: " Aqui há corruptos" quais são? O porque do silencio?
Ainda sonho: … mais…

Basta, recordar as recentes declarações de Chissano, que veio a imprensa, julgar os órgãos por excelência, aplicadores da justiça, de forma a ofuscar a verdade material – não será Mulémbwè, vitima do despertar da sua mente, por força da vontade do povo. (?)

Reflectindo said...

Mulémbwè tem um comportamento ímpar (?) que merece estudar. Parece-me que o último parágrafo seu, Salema, descreve no homem. Mulémbwè não gosta de dizer nem fazer coisas para agradar alguém, sobretudo a seus chefes. Se não pode dizer ou fazer o que lhe vem na alma, ele prefere calar-se.

Portanto, acredito que ele foi censurado.